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Plataforma reúne dados de incêndios em ônibus no estado do Rio
19/12/2024 |Entre 2014 e 2024 um coletivo foi incendiado a cada nove dias. Prejuízo chega a R$ 363 milhões
A Semove lançou, em novembro, a plataforma Ônibus em Chamas, que agrupa dados sobre os coletivos incendiados em atos de vandalismo desde 2014. O objetivo é alertar as autoridades responsáveis pela segurança e informar a sociedade sobre os prejuízos à mobilidade urbana. A ferramenta reúne, em forma de mapa, informações como data e localização (cidade e bairro) de cada ataque registrado nos últimos 10 anos, bem como a empresa operadora da linha que teve seu veículo atingido e os custos para reposição dos ônibus destruídos.
Entre 2014 e 2024, esse tipo de crime foi registrado em 25 cidades fluminenses, principalmente em municípios da Região Metropolitana. O estado do Rio teve, em média, um ônibus incendiado de forma criminosa a cada nove dias. No total, 427 veículos foram atacados e destruídos, causando graves impactos à mobilidade da população que depende do transporte público para trabalho, estudos, acesso à saúde e lazer. Durante o período de pandemia, entre 2020 e 2022, mesmo com as restrições impostas para deslocamento, foram queimados 25 ônibus. A análise dos números ano a ano revela tratar-se de um crime que se manteve constante, com ápice em 2017, que registrou 94 casos. Em 23 de outubro do ano passado, aconteceu a maior série de ataques: 35 veículos foram destruídos em diversos pontos da Zona Oeste da cidade do Rio.
A perda financeira nesses 10 anos chega a R$ 363 milhões, já que um ônibus novo custa, em média, R$ 850 mil. Esse prejuízo enorme é outro fator preocupante, pois reduz a possibilidade de investimento do setor e impacta na capacidade operacional das empresas. “Deve ser lembrado que não há seguro para ataques criminosos a ônibus. E esses são recursos que poderiam estar sendo investidos na melhoria da mobilidade urbana, em busca da qualidade que o passageiro tanto deseja”, afirma Richele Cabral, diretora de Mobilidade Urbana da Semove.
População é maior prejudicada
O crime também tem efeito no deslocamento da população – um veículo incendiado deixa de transportar até 70 mil passageiros em seis meses, que é o tempo necessário para a reposição do coletivo com as condições adequadas de operação. Assim, desde 2014, mais de 30 milhões de lugares deixaram de ser oferecidos no sistema de transporte por ônibus do estado do Rio em linhas municipais e intermunicipais. O número de usuários não transportados é equivalente à soma do total de habitantes dos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, segundo dados do IBGE. “Cada ônibus incendiado é menos um ônibus nas ruas no dia seguinte e menos um ônibus que está em circulação que deixa de ser renovado. Sem dúvida, o maior prejuízo é o do passageiro, que terá menos opções de transporte”, destaca Richele.
Além de afetar a operação do transporte, com a diminuição da oferta, cada veículo atacado interrompe vias públicas, paralisa atividades econômicas no entorno e põe em risco a segurança de passageiros, rodoviários e moradores, gerando pânico entre as pessoas. “A segurança, não só nos ônibus como também nos acessos e no ponto de espera, é um fator que influencia o comportamento do usuário e pode afastá-lo do transporte público. Compartilhar essas informações numa ferramenta pública é uma contribuição importante que o setor de ônibus pode dar às autoridades responsáveis e a toda sociedade em prol de um transporte cada vez melhor, mais seguro e eficiente”, defende a diretora.
Campanha nos terminais e nas redes
À nova plataforma se une a campanha “Quando um ônibus é queimado, quem perde é você”, visando à conscientização da população e das autoridades sobre as consequências e a gravidade desse tipo de crime. A campanha utiliza cartazes com imagens dos ônibus queimados e adota a estética de divulgação de filmes e séries. São pôsteres com títulos dramáticos e visuais baseados em matérias de jornais sobre os ataques. Segundo a equipe de comunicação da Semove, o objetivo foi atrair a atenção do público a partir do estilo popular dos streamings, porém mostrando a urgência e a seriedade da situação.
A campanha foi realizada em terminais de ônibus, em pontos de grande movimento e nas redes sociais da Semove, com postagens no feed, fazendo uma sequência para dar a ideia de série, mostrando informações sobre o impacto que os ataques causam diariamente a quem precisa se deslocar utilizando o transporte público. Além disso, foram publicados teasers e trailers curtos nos reels e nos stories destacando os “episódios”. Nos terminais, a iniciativa contou com uma ação diferenciada: foram desenhadas imagens de cinzas nos pisos, acompanhadas da frase “quando as chamas consomem o seu ônibus, a sua liberdade vira cinzas” e cercadas por placas de atenção indicando que ali havia um ônibus queimado.
Todo o projeto contou com o apoio do Disque Denúncia, que tem uma parceria com o setor de ônibus para o registro e a análise de informações sobre casos de violência no transporte público, a fim de contribuir com as autoridades policiais. A colaboração com as forças policiais para ações de prevenção e repressão a ataques ao sistema de ônibus é cada vez mais importante pela repetição dos casos ao longo dos últimos dez anos.
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