Redes Sociais:
Seminário da NTU promove debates e, junto com Lat.Bus, leva mais de 14 mil pessoas ao São Paulo Expo
09/09/2024 |Em três dias de evento no São Paulo Expo Center, o Seminário Nacional da NTU 2024 e a Feira Lat.Bus reuniram cerca de 14 mil pessoas para participarem dos debates sobre o futuro do setor e verem de perto as novidades do mercado.
No discurso de abertura, o presidente do Conselho Diretor da entidade, João Antônio Setti Braga, enfatizou a importância de avanços como a mudança do modo do poder público e a sociedade enxergarem o transporte público, exemplificando com a concessão de subsídios e a adoção de tarifa zero por vários municípios brasileiros; a criação do marco legal; a regulamentação da reforma tributária, a desoneração da folha de pagamentos e outros itens.
Em palestra proferida no dia 7 de agosto, o ministro Jader Barbalho Filho, das Cidades, abordou a proposta que sua pasta enviou ao Congresso Nacional para o novo marco legal, destacando que houve cerca de 800 contribuições e constante diálogo com os congressistas para elaboração do documento, que vai substituir o PL 3278/2021. Barbalho alertou para a necessidade de medidas urgentes, a fim de evitar o colapso do sistema do transporte público, pois, em muitas cidades, “a tarifa é muito baixa para o operador e muito cara para o usuário”. Ele falou da previsão de aplicação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, PAC, com vistas à melhoria da mobilidade urbana e à descarbonização. Serão destinados R$ 9,9 bilhões para projetos em 60 municípios, de 24 estados. Jader abordou também a previsão de recursos de R$ 7,3 bilhões para investimentos em ônibus elétricos, com apoio do Fundo Clima e do FGTS. Além disso, o governo federal investe em um plano nacional de mobilidade urbana, em parceria com o BNDES, que prevê o desenvolvimento de 21 planos regionais. “Estamos buscando diagnósticos e soluções que atendam às diferentes realidades do país”, disse.
Palestra master: “Infraestrutura, renovação da frota e descarbonização do transporte público”
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos), Olímpio Alvares, proferiu a palestra master, no dia 6 de agosto, e abordou aspectos históricos sobre o tema. Considerou que infraestrutura nacional de ônibus, renovação de frota e descarbonização do transporte público são temas que se interligam e exigem atenção constante. Embora vinda à tona recentemente, a questão da sustentabilidade do setor é urgente, frisou. A meta de emissão zero para 2050 (Net-Zero) ainda não tem disponíveis os US$ 100 bilhões anuais do caixa mundial que deveriam ser alocados para seu cumprimento. Segundo Olímpio, esse valor ainda é muito pequeno diante do que seria realmente necessário: cerca de US$ 275 trilhões.
Alvares avaliou que, em relação aos investimentos em infraestrutura, o Brasil não está atrasado em comparação a outros países. Mas, para melhorar a qualidade de vida em nossas cidades, acha necessária a adoção de novas tecnologias e de políticas públicas que garantam um transporte público mais eficiente, sustentável e acessível. “Temos um desafio enorme. Além de todos os aspectos apresentados, o Brasil é imenso e cada região conta com suas particularidades. Mas o que vejo hoje é um setor mais organizado e disposto a investir em soluções sustentáveis. Ainda precisamos de mais apoio da população e dos órgãos públicos, mas estamos avançando significativamente”, conclui.
Semove participa do 37o Seminário Nacional NTU
A Semove esteve presente ao evento, com participação do presidente-executivo, Armando Guerra Júnior, e da diretora de Mobilidade Urbana, Richele Cabral. Guerra atuou como moderador do Painel 2 – “Custeio e Investimento no Transporte Público” –, que teve como expositores Rafael Pimentel, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, e Karisa Maia Ribeiro, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID. Armando Guerra provocou os painelistas com a pergunta: “deveríamos priorizar o investimento na infraestrutura viária, com novas tecnologias visando reduzir a emissão de CO2, ou na aquisição de ônibus elétricos?”. Em sua fala, Pimentel apresentou estudo realizado pelo Banco que demonstrou déficit nos investimentos em infraestrutura, no período entre 2015 e 2020, nas 15 maiores regiões metropolitanas brasileiras, num montante de nada menos do que R$ 360 bilhões. No entanto, considerou que o problema não é a falta de recursos, mas de projetos consistentes. Ele falou sobre a preocupação do BNDES de manter o Brasil como polo produtor de ônibus e explicou que, desde 2019, a instituição financeira flexibiliza os critérios para nacionalização do processo de eletrificação. Já Karisa Ribeiro frisou que a eletromobilidade é questão de política pública e envolve não só a eletrificação da frota, mas a mobilidade em si. Aludiu à diferença de preço entre um ônibus diesel (R$ 1 milhão) e o elétrico (R$ 3 milhões), e perguntou: “Quem paga a conta?”. A painelista considerou estarmos em plena transição, num processo de aprendizado quanto à transparência, adoção de sistemas de compliance etc. Segundo ela, existem linhas de crédito para o setor privado e quem tem governança consegue acesso. Acredita que a indústria precisa se estruturar e mencionou que a fala do ministro Jader Barbalho trouxe esperança, mas que ainda falta conscientização quanto ao modelo de negócio. “O modelo de negócio precisa que a indústria se estruture e evolua dentro desse ecossistema. Aqui no Brasil algumas cidades já iniciaram esse processo, e estão fazendo a transição de forma consciente”, disse.
Richele Cabral mediou o painel “Unificação de Contratos: Modelos Inovadores no Brasil Transformam Gestão Urbana”, que contou com apresentações de Fabrizio Braga, da Next Mobilidade, sobre o BRT ABC; Maurício Gulin, Presidente da Viação Cidade Sorriso e do Sindicato das Empresas de Ônibus da Região Metropolitana de Curitiba (Setransp), que abordou os esforços da cidade para a descarbonização; Niege Chaves, cuja apresentação foi sobre o BRT Sorocaba, e Edmundo de Carvalho Pinheiro, diretor da HP Transportes Coletivos e da Urbi Mobilidade Urbana, que enfocou a evolução do sistema de transporte em Goiânia.
Richele fez provocações, como perguntar: “Como é que a gente de fato torna o nosso País um país coletivo?” e defendeu uma maior adoção de soluções como faixas seletivas, exclusivas e BRTs.
Comente aqui